Falta de mão de obra chega a nível crítico e Portugal precisa de milhares de trabalhadores

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Falta de mão de obra chega a nível crítico e Portugal precisa de milhares de trabalhadores

 Faltam milhares de trabalhadores e o gargalo pode atrapalhar o relançamento da economia após a fase mais dura da pandemia de Covid-19.

 

Setor que gerou 15,4% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019, taxa reduzida à metade na pandemia de coronavírus, o turismo precisaria de 15 mil trabalhadores, informação transmitida pelo presidente da Associação da Hotelaria de Portugal (AHP), Raul Martins, durante um congresso em Albufeira, no Algarve. São conclusões preliminares de um estudo feito pela AHP.

Somente para o Algarve, região praiana com forte apelo ao trabalho no verão, e principal destino turístico de Portugal, o diretor do Grupo Nau, Mário Azevedo Ferreira, estimou que é preciso contratar até 60 mil pessoas. E não apenas para o turismo, mas para outros setores. Pouca habitação disponível e a sazonalidade são problemas e, com pouca concorrência, há brasileiros com dois ou mais trabalhos na região.

Para tentar preencher vagas abertas, empresas de hotelaria recrutam no Brasil. É o caso do grupo Vila Galé, com dezenas de unidades em cidades brasileiras e em Portugal. Orçamento reprovado previa um programa para facilitar a captação de imigrantes.

O problema virou drama nacional e ganhou as páginas dos principais jornais. O “Jornal de Notícias” realizou um levantamento com as associações dos setores mais afetados. A construção civil precisaria de 70 mil trabalhadores, enquanto que os restaurantes necessitam de até 25 mil. 

Emigração para outros países europeus em busca de melhores salários, envelhecimento da população em idade ativa e pagamento de subsídios são os fatores apontados para a falta de interesse nas vagas.

Para ter uma ideia de como o setor de serviços, fechado durante grande parte da pandemia, engatinha: Gualter Morgado, diretor executivo da associação do setor mobiliário (APIMA), disse ao “Jornal de Negócios” que há vagas de estofadores com salário de € 2 mil (R$ 12 mil) limpos e não encontra trabalhadores: o setor precisa de cinco mil pessoas ao todo.

Ainda assim, as empresas apostam na abertura de postos de trabalho. A Delloite anunciou na quarta-feira (17) que investirá em dois novos centros tecnológicos e de transformação digital em Portugal. Em quatro anos, serão criadas até duas mil vagas. 

O Instituto Nacional de Estatística (INE) informou que a taxa de empregos vagos subiu de 0,78% para 0,99% no segundo trimestre. E o índice de desemprego está em 6,1%, número abaixo dos registrados antes da explosão da pandemia. 

 

Porém, há mais de 300 mil desempregados inscritos nos centros de emprego. Ao que tudo indica, não têm interesse pelas vagas que sobram.

Jornal O Globo 18/11/2021